KUNDALINÍ É UMA ENERGIA FÍSICA, DE NATUREZA NEUROLÓGICA E MANIFESTAÇÃO SEXUAL
Kundalini, e a energia sexual da cobra
cósmica.
É o símbolo da energia cósmica que se revela também no sexo.
É o primeiro chakra, o da sexualidade genital.
Freud deteve-se principalmente nessa dimensão. Por isso, toda
a sua psicologia, por mais genial que seja, já que ele é um pai fundador desse
campo de conhecimento, é bastante limitada, demasiado falocêntrica e muito
patricêntrica.
Jung se contrapunha a Freud, argumentando
que a primeira experiência da criança não é com o pai, mas com a mãe. Somos
mais matricentrados do que patricentrados, porque ligados umbilicalmente à mãe
desde o momento da concepção; o pai entra numa fase posterior. Freud abominava
a mãe, transava pessimamente a sexualidade e deixou de ter relação sexual com
quarenta e poucos anos.
Jung
não tinha esse problema, por isso elaborou outro tipo de psicologia. No meu
modo de ver, ele apresenta um espectro mais amplo. No entanto, como a nossa
cultura é genitalmente centrada e há mesmo um desvio quase coletivo nesse
aspecto, Freud é objetivo e bom para corrigir e curar. Mas se vou para um
oriental, um africano ou um indígena que não tem esses problemas e levo Freud,
estrago-lhes a mente.
Não há contradição entre a kundalini como
energia cósmica e a teoria de Freud sobre sexo. Só que ele se restringiu a uma
fase da kundalini, a fase genital. Os místicos do ioga, que trabalham muito os
chakras, dizem: uma verdadeira experiência de amor tem a sua dimensão genital,
mas, se ela se restringir a essa dimensão, é extremamente encurtada. Ela deve
passar por todos os sete chakras, até chegar ao sentimento interior, a
experiência da infinitude, da iluminação, que capta a dimensão cósmica do amor.
Quem faz a ativação desses sete chakras tem uma experiência da totalidade da
libido humana.
Nossa cultura não faz uma experiência da
sexualidade como dimensão ontológica que atravessa todo nosso ser. Faz uma
experiência genital, de alívio de uma tensão, nada mais. Não faz da sexualidade
uma experiência mística da totalidade do ser humano enquanto homem, enquanto
mulher, que têm a dimensão da subjetividade, do pensamento, da intimidade, da
transcendência e da experiência mística. Todos os místicos celebram o encontro
com Deus como imenso banquete ou como acasalamento de amor. Desde o Cântico dos
cânticos a são João da Cruz e santa Teresa. São Boaventura fala até de orgasmo.
Porque eles de fato experimentaram isso ao tocarem Deus. A experiência de amor,
que se realiza nas pessoas, dá a chance a todo mundo. A natureza não nega a
ninguém fazer uma experiência de transcendência, de encontro com Deus, a experiência
da intimidade, do amor como experiência cósmica e mística. Todo mundo faz esse
percurso e também os celibatários. Jung dizia que se eles não geram pessoas,
têm um parto cósmico, se autogeram. Por isso o voto de castidade, se bem
entendido, não é um voto de desamor. É de superabundância de amor. Portanto, é
um desafio viver de uma outra maneira a sexualidade, nessa dimensão que vai
para além da genitalidade.
Joel Fraga
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