LAVA JATO ACABA IGUAL A CAMINHÃO SAQUEADO E VENDIDO NO BAR
O Brasil tem uma crise moral e Ética. É generalizada e não distinguimos o pobre do rico.
A
Polícia Federal resolveu pôr fim ao grupo de trabalho da Operação Lava Jato em
Curitiba. A decisão, segundo três fontes com conhecimento direto do fato, foi
comunicada informalmente aos quatro delegados que ainda restavam no chamado GT
da operação – o jargão que a polícia usa para se referir a uma força-tarefa.
Espera-se a formalização do desmanche no próximo boletim interno da
Superintendência da PF no Paraná, que deverá sair na segunda-feira. Em
Curitiba, atribui-se a decisão ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello.
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Procuradores da Lava Jato ameaçam abandonar os cargos se Raquel Dodge assumir
chefia do MPF
Os delegados e agentes voltarão a ser lotados na Delegacia de
Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, a Delecor. Deixarão de se dedicar
exclusivamente à Lava Jato, passando a dividir casos da operação com quaisquer
outras investigações. Não há dúvida entre os investigadores de que a produção
de provas em processos altamente relevantes – como os dos ex-presidentes Lula e
Dilma Rousseff, entre dezenas de outros – será severamente prejudicada. O mesmo
vale para novas frentes de investigação sigilosas, envolvendo, entre outros,
operadores e políticos do PMDB e do PSDB. Diante da escassez de recursos e
pessoal, novas fases da operação podem nem sequer ser deflagradas, de acordo
com procuradores da República e uma fonte no GT da polícia. “É uma asfixia”,
diz um dos investigadores.
O desmanche do GT não é uma surpresa dentro da PF. Encerra
uma longa agonia, que já durava mais de um ano, apesar dos esforços da direção
local no Paraná em manter os trabalhos. Aos poucos, o número de delegados foi
caindo. De nove, nos bons tempos da operação, para somente quatro – sem contar
a diminuição de agentes, escrivães e peritos. Os principais investigadores da
PF em Curitiba deixaram a Lava Jato: Érika Marena, Eduardo Maut e Márcio
Anselmo. Com eles, foi embora também boa parte da memória da operação, um ativo
essencial num caso tão amplo e complexo – a maior investigação de corrupção da
história da PF. Delegados, procuradores e outros responsáveis pela Lava Jato em
Curitiba são unânimes em apontar, reservadamente, uma queda acentuada na
velocidade e na qualidade do trabalho da PF após a saída dos três. “Os três
eram o motor da polícia na operação”, resume uma das principais lideranças da
Lava Jato.
A interlocutores, delegados em Brasília, entre eles o próprio
Leandro Daiello, comentavam que a investigação em Curitiba estava esfriando e
que a equipe não seria mais necessária em razão de uma suposta falta de
demanda. Todos em Curitiba – inclusive na PF e no MPF – discordam dessa
justificativa. “Temos coisas para fazer e não temos para quem pedir porque eles
estão assoberbados de trabalho ordinário”, diz um procurador. “Não têm tempo
para desenvolver novas frentes de investigação. Isso se reflete também na
ausência de novas operações.” É incontroverso que há centenas de mídias
apreendidas nas fases anteriores da operação ainda sem análise.
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A fase decisiva da Lava Jato
>>
A Lava Jato depende de Edson Fachin
Os três principais delegados saíram da operação após meses de
constante atrito com a Direção-Geral da PF, em função de divergências quanto
aos rumos da operação – desgaste que, segundo fontes no GT, aprofundou-se
depois da fase 24 da Lava Jato, que mirou o ex-presidente Lula. Delegados e
agentes, especialmente os que aceitaram mudar de estado para compor
provisoriamente o GT, também reclamavam do que julgavam ser uma inaceitável
ausência mínima de condições de trabalho: diárias muito baixas e o acúmulo de
casos no cargo de origem – o estoque de investigações subia normalmente
enquanto estivessem na Lava Jato; o trabalho seria imenso quando regressassem
de Curitiba. “Tínhamos de praticamente pagar para trabalhar”, diz um deles, que
aceitou falar somente reservadamente, por medo de represálias. “E ainda por
cima faltavam braços para ajudar.” Outro completa: “É uma pena. A PF poderia
ter ido muito mais longe.”
>>
Integrante do grupo de trabalho da Lava Jato detona lei de repatriação de
recursos
Procurada por EXPRESSO, a Direção-Geral da PF confirmou o fim
do grupo de trabalho. Mas negou que haverá consequências ruins para a Lava Jato
em Curitiba. Em nota, a PF diz:
1. Os
grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca passam a
integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas
(DELECOR);
2. A
medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao
erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à
corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;
3.
Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo,
incluindo dois ex-integrantes da Operação Lava Jato;
4. O
modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados
altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato
deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo,
entre outros;
5. O
atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e
será reforçado em caso de necessidade;
6. A
Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção,
disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom
desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados.
Fonte: G1
Joel
Fraga
Jornalista
O Brasil tem uma crise moral e Ética. É generalizada e não distinguimos o pobre do rico.
A
Polícia Federal resolveu pôr fim ao grupo de trabalho da Operação Lava Jato em
Curitiba. A decisão, segundo três fontes com conhecimento direto do fato, foi
comunicada informalmente aos quatro delegados que ainda restavam no chamado GT
da operação – o jargão que a polícia usa para se referir a uma força-tarefa.
Espera-se a formalização do desmanche no próximo boletim interno da
Superintendência da PF no Paraná, que deverá sair na segunda-feira. Em
Curitiba, atribui-se a decisão ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello.
>>
Procuradores da Lava Jato ameaçam abandonar os cargos se Raquel Dodge assumir
chefia do MPF
Os delegados e agentes voltarão a ser lotados na Delegacia de
Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, a Delecor. Deixarão de se dedicar
exclusivamente à Lava Jato, passando a dividir casos da operação com quaisquer
outras investigações. Não há dúvida entre os investigadores de que a produção
de provas em processos altamente relevantes – como os dos ex-presidentes Lula e
Dilma Rousseff, entre dezenas de outros – será severamente prejudicada. O mesmo
vale para novas frentes de investigação sigilosas, envolvendo, entre outros,
operadores e políticos do PMDB e do PSDB. Diante da escassez de recursos e
pessoal, novas fases da operação podem nem sequer ser deflagradas, de acordo
com procuradores da República e uma fonte no GT da polícia. “É uma asfixia”,
diz um dos investigadores.
O desmanche do GT não é uma surpresa dentro da PF. Encerra
uma longa agonia, que já durava mais de um ano, apesar dos esforços da direção
local no Paraná em manter os trabalhos. Aos poucos, o número de delegados foi
caindo. De nove, nos bons tempos da operação, para somente quatro – sem contar
a diminuição de agentes, escrivães e peritos. Os principais investigadores da
PF em Curitiba deixaram a Lava Jato: Érika Marena, Eduardo Maut e Márcio
Anselmo. Com eles, foi embora também boa parte da memória da operação, um ativo
essencial num caso tão amplo e complexo – a maior investigação de corrupção da
história da PF. Delegados, procuradores e outros responsáveis pela Lava Jato em
Curitiba são unânimes em apontar, reservadamente, uma queda acentuada na
velocidade e na qualidade do trabalho da PF após a saída dos três. “Os três
eram o motor da polícia na operação”, resume uma das principais lideranças da
Lava Jato.
A interlocutores, delegados em Brasília, entre eles o próprio
Leandro Daiello, comentavam que a investigação em Curitiba estava esfriando e
que a equipe não seria mais necessária em razão de uma suposta falta de
demanda. Todos em Curitiba – inclusive na PF e no MPF – discordam dessa
justificativa. “Temos coisas para fazer e não temos para quem pedir porque eles
estão assoberbados de trabalho ordinário”, diz um procurador. “Não têm tempo
para desenvolver novas frentes de investigação. Isso se reflete também na
ausência de novas operações.” É incontroverso que há centenas de mídias
apreendidas nas fases anteriores da operação ainda sem análise.
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A fase decisiva da Lava Jato
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A Lava Jato depende de Edson Fachin
Os três principais delegados saíram da operação após meses de
constante atrito com a Direção-Geral da PF, em função de divergências quanto
aos rumos da operação – desgaste que, segundo fontes no GT, aprofundou-se
depois da fase 24 da Lava Jato, que mirou o ex-presidente Lula. Delegados e
agentes, especialmente os que aceitaram mudar de estado para compor
provisoriamente o GT, também reclamavam do que julgavam ser uma inaceitável
ausência mínima de condições de trabalho: diárias muito baixas e o acúmulo de
casos no cargo de origem – o estoque de investigações subia normalmente
enquanto estivessem na Lava Jato; o trabalho seria imenso quando regressassem
de Curitiba. “Tínhamos de praticamente pagar para trabalhar”, diz um deles, que
aceitou falar somente reservadamente, por medo de represálias. “E ainda por
cima faltavam braços para ajudar.” Outro completa: “É uma pena. A PF poderia
ter ido muito mais longe.”
>>
Integrante do grupo de trabalho da Lava Jato detona lei de repatriação de
recursos
Procurada por EXPRESSO, a Direção-Geral da PF confirmou o fim
do grupo de trabalho. Mas negou que haverá consequências ruins para a Lava Jato
em Curitiba. Em nota, a PF diz:
1. Os
grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca passam a
integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas
(DELECOR);
2. A
medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao
erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à
corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;
3.
Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo,
incluindo dois ex-integrantes da Operação Lava Jato;
4. O
modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados
altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato
deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo,
entre outros;
5. O
atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e
será reforçado em caso de necessidade;
6. A
Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção,
disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom
desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados.
Fonte: G1
Joel
Fraga
Jornalista
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