O SUICÍDIO MATA MAIS JOVENS, DO QUE AS DOENÇAS E A GUERRA

As doenças e a violência agravam os suicídios, nos países pobres.
O mundo passa por crise econômica e um estado de violencia, que chega ao limite da aceitação dos países desenvolvidos, e, com isso traz a síndrome do medo e do pânico para dentro das famílias, o que agrava ainda mais o comportamento suicida.
Normalmente, este comportamento suicida surge como consequência de uma doença psicológica, que não foi tratada no início, como é o caso da depressão severa, síndrome do estresse pós-traumático ou esquizofrenia.
E o mais surpreendente é que este tipo de comportamento, tem sido cada vez mais frequente em pessoas com menos de 29 anos, sendo uma causa de morte mais importante que o vírus do HIV, afetando mais de 12 mil pessoas, por ano, no Brasil.
Porém, as consequências podem ser evitadas, especialmente quando os familiares ou amigos conseguem identificar e ajudar, enquanto conseguem estar juntos, ou seja, antes do isolamento. Isto porque, na maior parte dos casos, a pessoa já não é capaz de identificar outras soluções para a crise emocional que está passando.
Como identificar um comportamento suicida
1. Mostrar tristeza excessiva e isolamento e sem vontade para participar, em atividades com os amigos. Normalmente, a pessoa não consegue identificar que está com depressão e acha apenas que não está sendo capaz de lidar com as outras pessoas ou com o trabalho.
2. Sofrer alterações de comportamento ou visual
Na maioria das vezes já não existe interesse pela vida, é comum que se deixe de dar atenção para a forma como se veste ou se cuida, utilizando roupa velha, suja ou deixando crescer o cabelo e a barba.
3. Tratar de assuntos pendentes
Por vezes, cartas podem ser descobertas antes da tentativa de suicídio, ajudando a evitar que aconteça.
4. Demonstrar calma repentina
Demonstrar um comportamento calmo e despreocupado depois de um período de grande tristeza, depressão ou ansiedade.
5. Fazer ameaças de suicídio
A maior parte das pessoas que estão pensando em suicídio irão informar um amigo ou familiar das suas intenções. Embora esse comportamento, muitas vezes, seja visto como uma forma de chamar a atenção, nunca deve ser ignorado.
Quando se suspeita que alguém pode estar com pensamentos suicida, o mais importante é demostrar amor e empatia por essa pessoa, tentando entender o que está acontecendo e quais os sentimentos associados. Por isso, não se deve ter medo de perguntar para a pessoa se ela está se sentindo triste, deprimida e, até se está pensando em suicídio.
Depois, deve-se procurar ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra, para tentar mostrar à pessoa que existem outras soluções para o seu problema, que não o suicídio.
Erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. O estigma resulta de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas. A tabela abaixo ilustra os mitos sobre o comportamento suicida. O conhecimento pode contribuir para a desconstrução deste estigma em torno do comportamento suicida.
A tentativa prévia de suicídio é o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente. Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada. Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e esquizofrenia. Pacientes com múltiplas comorbidades psiquiátricas têm um risco aumentado, ou seja, quanto mais diagnósticos, maior o risco.
Principais fatores de risco associados ao comportamento suicida:
Doenças mentais e Aspectos sociais.
Depressão; Transtorno bipolar; Transtornos mentais relacionados ao uso de álcool e outras substâncias; Transtornos de personalidade; Esquizofrenia.
Aumento do risco com associação de doenças mentais: paciente bipolar que também seja dependente de álcool terá risco maior do que se ele não tiver essa dependência:
Gênero masculino; Idade entre 15 e 30 anos e acima de 65 anos; Sem filhos; Moradores de áreas urbanas; Desempregados ou aposentados; Isolamento social;
Solteiros, separados ou viúvos;
Populações especiais: indígenas, adolescentes e moradores de rua.
Aspectos psicológicos:
Perdas recentes; Pouca resiliência; Personalidade impulsiva, agressiva ou de humor instável; Ter sofrido abuso físico ou sexual na infância; Desesperança, desespero e desamparo.
Doenças orgânicas incapacitantes; Dor crônica; Doenças neurológicas (epilepsia, Parkinson, Hungtinton); Trauma medular; Tumores malignos; AIDS.
Suicidabilidade: Ter tentado suicídio, ter familiares que tentaram ou se suicidaram, ter ideias e/ou planos de suicídio.
Os fatores protetores são menos estudados e geralmente são dados não muito consistentes, incluindo: autoestima elevada; bom suporte familiar; laços sociais bem estabelecidos com família e amigos; religiosidade independente da afiliação religiosa e razão para viver; ausência de doença mental; estar empregado; ter crianças em casa; senso de responsabilidade com a família; gravidez desejada e planejada; capacidade de adaptação positiva; capacidade de resolução de problemas e relação terapêutica positiva, além de acesso a serviços e cuidados de saúde mental. Durante uma avaliação do risco de suicídio em um indivíduo, os fatores de proteção não devem ser usados para obscurecer aqueles fatores que identificam o risco de suicídio.

     Joel Fraga
Jornalista/Filósofo

Fonte(s):Suicídio: informando para prevenir*. Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. Brasília: CFM/ABP, 2014.
*Esta cartilha se encontra disponível para download na seção Material deste site. 

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